Johann Daniel Mylius - Philosophia reformata - 1622 - "La purification par le feu"
Vemos na
direita um par consistindo de um Rei e uma Rainha.
À
esquerda, um alquimista com um incêndio.
No fundo
da aldeia aviso perceptivo.
O par
chegou na fase de purificação por fogo.
Isto é
para remover toda a sujidade e impurezas.
O casal é
o protagonista e sua "alma gêmea",
ou seja,
seu lado feminino que chamamos Anima.
A putrefação é a corrupção da matéria, ou o Mercúrio filosofal, que se faz pelo fogo lento, pois o fogo forte consome e destrói; o fogo lento, ao contrário, é chamado o fogo da regeneração. Mas, antes que a geração possa ser feita, é preciso necessariamente que a corrupção aconteça antes; então, para fazê-la bem, é preciso saber, que quanto mais tempo for prolongado, mais ela será excelente, e levando-se em consideração que aqueles que a precipitam, aumentando o fogo, não fazem nada de bom, e jamais podem ter sucesso; é por isso que um Filósofo dizia: Omnis praecipitatio a diablo.
Quando se tem o grau do fogo, e que o ovo está bem selado com o selo de Hermes, de forma que nada respire, isto é, que alguns espíritos da matéria não possam fugir, a contar do dia que se começa a trabalhar essa matéria ou esse Mercúrio, quando está no ovo, no final de 40 ou 42 dias, ou talvez 52 no mais tardar, o negror começa a surgir, e é o sinal de que a putrefação está acontecendo e que o artista está no caminho correto.
Os filósofos lhe deram vários nomes, e o chamaram Ocidente, trevas, eclipse, lepra, cabeça de corvo, morte, e a mortificação do Mercúrio, para depois ressuscitar mais claro, mais nítido, mais puro, e mais forte do que antes, e assim ele recebe e adquire a virtude mineral do Sol, e da Lua, que ali se unem de forma inseparável, e que os Sábios nomearam o casamento filosofal, e o anel do soberano Elo.
"Pela putrefação ele morre como corpo,
por uma vegetação nova ele nasce como espírito"
Dessa União do macho e da fêmea de mesma natureza e de mesma espécie (pois na geração de cada coisa é necessário ter seu semelhante) acontece a fecundação, ou sublimação nos elementos leves, de forma que essa terra negra, pelas contínua circulações que acontecem no ovo e que sempre recaem sobre esse corpo morto que é chamado pelos Sábios o corpo, a terra, o fixo e o fermento; e a parte que se eleva e que é a espiritual e a mais sútil, eles a nomearam a parte volátil, que recaindo faz por si mesma as embebições e calcinações necessárias, e que, quando mais se eleva, mais ela se sutiliza, e também calcina melhor esse corpo, e essa calcinação é a purgação do Mercúrio, e a congelação é uma fixação dos espíritos; de forma que depois de um longo tempo, de negro imundo que ele era, parece que foi limpo, purgado, purificado e ensaboado, pois está muito branco, é por isso que os Mestres da Arte lhe deram os nomes de lavações, purgações, purificações, ensaboamentos e abluções. No início a água aparecia, pois O Mercúrio é água, mas quando essa água é espessa e que o negro se revela, é então a terra negra que se revela.
Constata-se então que, por essa putrefação, acontece a separação do puro e do impuro. O que a Natureza não pôde fazer, mas é ao Artista que esse poder é devolvido, o que sendo bem feito, a matéria não pode mais permanecer em sua espécie nem em sua forma, mas bem dentro de seu gênero, e assim a matéria está disposta a receber a forma de todos os metais, e é uma operação, a única que a dispõe à separação de todas as partes que a compõem, não sendo de forma alguma permitido ao Artista, nem mesmo aos Anjos, destruir o gênero sem uma particular permissão de Deus, que assim o quis desde o início e desde a criação de todos os seres.
Heinrich von Bastdorff,
O Fio de Ariadne (1965), p.96-99.