quarta-feira, 3 de junho de 2015

MICHAEL MAIER - O SOL TERMINA A OBRA



“O Sol e sua sombra finalizam a Obra.
Clara chama do pólo, o Sol não penetra a densidade dos corpos;

Portanto lhe permanece oposta a sombra de todas as coisas:
Com certeza mais vil do que elas, nem por isso é menos utilizada

Pelos Astrônomos, a quem ela oferece muitas comodidades.
Porém mais numerosos sãos os dons que aos Sábios o Sol outorga que,


Com sua sombra, oferece ao trabalho da arte o Ouro de uma realização.” 

Michael Maier


"O Sol e sua sombra terminam a obra.' 
Michael Maier; Atalanta Fugiens, 1618 (ilustração 45)



Sobre os alquimistas, Jung disse:

eles têm “nolens volens” (quer queiram quer não), um compromisso com o inconsciente, e a variedade por assim dizer ilimitada de suas imagens e paradoxos descreve uma realidade psíquica do mais alto significado. Descrevem o caráter indeterminado, ou melhor, a multiplicidade de sentidos do arquétipo, o qual representa sempre uma verdade simples, mas que só pode ser expressa por um grande número de imagens. Jung (OC v.16, §497)

Esta citação descreve a qualidade do arquétipo de se manifestar e se atualizar em imagens que se desdobram, que se transformam, adquirindo novas formas e sentidos. O emblema “o leão verde” é uma imagem entre muitas, um símbolo da força transformadora e criativa do arquétipo, que assume novas formas, as quais trazem novas possibilidades de sentido e de vida. Tais símbolos possuem dois lados: um deles refere-se ao campo da experiência concreta, e o outro, ao da esfera psíquica ou espiritual. Os símbolos alquimistas surgiram de uma consciência participante, que ainda estava igualmente aberta aos dois lados.



Os alquimistas descreviam o que eles viam em imagens surpreendentes. Em parte conscientemente e em parte inconscientemente, eles tomaram do arsenal de imagens do cristianismo medieval, mas também das antigas representações sobre a natureza. Jung tinha observado tais imagens nos próprios sonhos e naquelas dos seus pacientes, e ele as comparou com os modernos diários de sonhos ou com as séries de quadros pintados a partir do inconsciente. 

Ele ficou admirado quando os tratados alquimistas abriram a ele um material de comparação. Ele os vivenciou como uma olhada no mundo de imagens do inconsciente coletivo, e utilizou séries de imagens alquimistas como meio de orientação para a compreensão de processos psíquicos. Os diários de sonhos, séries de quadros de imagens e tratados alquimistas, todos esses, dizem algo a respeito do “Processo de Individuação”, no qual a psique de uma pessoa se estrutura e se regenera, e no qual é produzido sempre e de novo um relacionamento entre o inconsciente e a consciência. Nisto está implicado uma relativização do ego, sem a qual não seria possível um acréscimo de autoconhecimento. 

A matéria prima e obscura a ser trabalhada é o próprio inconsciente do praticante; a transformação alquímica, um emblema da transformação psicológica; e a opus alquímica dirigida à obtenção da pedra filosofal, é vista como uma metáfora do processo de individuação, dirigido à busca do Si-mesmo, através do reconhecimento dos diferentes complexos psíquicos.

MICHAEL MAIER
No emblema XX1 da atalanta Fugiens, Maier escreve o seguinte:

“Do macho e da fêmea faz um círculo, depois, a partir dele, 

um quadrado e a seguir um triângulo.
Faz um círculo e terás a pedra dos filósofos.” 


Era um autêntico homem da Renascença, dominava diferentes áreas do conhecimento da vida; tinha doutorado em filosofia e medicina e era médico do imperador Rudolph II em Praga e, após sua morte, do conde de Moritz von Hessen.

Esta era uma época de tendências contrárias - a reforma e a contrarreforma e, principalmente, o fim de um paradigma e o começo de outro – o Iluminismo, a idade da razão. O Rei Rudolf (1552-1612), reunia em torno de si cientistas, artistas e os intermediários - como os alquimistas. Ele defendia a liberdade religiosa que, no entanto, só se concretizou 100 anos depois. Ele ainda chegou a conseguir manter juntos correntes opostas do espírito da época; tratava-se da reunião dos opostos tanto no indivíduo, como na natureza e no mundo. Isto fica especialmente claro no trabalho do seu médico de confiança e secretário privado, Michael Maier.

O rei, através do estudo, prática e meditação da música e alquimia, procurava purificar-se, integrar tendências opostas em si mesmo, para poder lidar com os problemas do reino da mesma forma. Um conhecido símbolo alquimista é um ninho com dois pássaros, um dos quais deseja voar e, o outro, que ainda não tem penas, retém o primeiro. Aí está refletido tanto um problema 6 químico - conjugar uma substância fugidia e outra fixa - como também a situação espiritual daquele tempo. O Tratado Alquímico Atalanta Fugiens A época da polifonia na história da música é a mesma dos alquimistas medievais.

Michael Maier procurava ilustrar os paralelos entre os motivos mitológicos e alquímicos e também utilizou o simbolismo medieval na música para representar os mesmos processos. 

ALQUIMIA DE NOSTRADAMUS



Michel de Nostredame ou Miquèl de Nostradama, nascido em em St. Remy, França (14 de dezembro de 1503 - 1566). Seu pai era tabelião e seus dois avôs médicos. Foi seu avô, que também era cabalista, que ficou responsável por sua educação, ensinando-lhe desde cedo astrologia. Diplomou-se em Avignon como mestre em Artes, estudando literatura, história, filosofia, gramática e retórica. Sua família era judia e Nostradamus teve que se converter ao catolicismo para fugir da Inquisição.

Cursou medicina em Montpellier, onde ingressou com dezoito anos, em 1523. Tornou-se amigo de François Rabelais. Recebeu o título de doutor em 1533, e latinizou seu nome para Miguel de Nostradamus.


PESQUISAS ALQUÍMICAS


Apoiado pelo alquimista Julius César Scalinger que o levou a conhecer suas pesquisas alquímicas, Nostradamus iniciou seus estudos ainda jovem, casando-se mais tarde com Marie Auberligne, grande estudiosa dos assuntos ocultos e auxiliar de Scalinger em seus experimentos. Nostradamus utilizava a biblioteca escondida de Scalinger, porque nesse tempo era proibida qualquer prática alquímica.

O ALQUIMIA



“A origem divina da ALQUIMIA faz com que a investigação proceda de uma liturgia e não de um método científico. O ALQUIMISTA não manipula; ele oficia; entrega-se a uma técnica espiritual.”
Bernard Viana - História da Química



Ao sentir o cheiro gostoso de um perfume, algo estranho atrai a atenção. Os perfumes emanam mensagens. Isso, também, é ALQUIMIA.

Estremecer os sentidos, transformar, unir para produzir o mais belo.
Todos os dias a ALQUIMIA está presente, seja ao cozer alimentos para a refeição, fazer a faxina da casa, dentro de um supermercado, ou no trânsito...

Mas, a ALQUIMIA, é ainda mais presente quando as emoções humanas se relacionam. Transformar-se pelo o AMOR é a grande maestria dessa arte milenar.

“Há uma outra pedra que de acordo com Aristóteles, é e não é pedra. Tal pedra é, ao mesmo tempo, mineral, vegetal e animal e é encontrada em qualquer lugar e em todos os homens.”

São Tomaz de Aquino – A Pedra Filosofal  



“Siga seu coração, diriam os alquimistas, pois nenhum caminho é vergonhoso e não é vergonha abandonar um caminho quando se percebe que há outro melhor.” (autor não encontrado)


continue lendo em O ALQUIMIA



sexta-feira, 13 de março de 2015

JOHANNES KEPLER - EM HARMONIA COM O COSMO



“Dificilmente alguém poderá ensinar Alquimia em uma sala de aula porque ela é, em essência, uma disciplina secreta, tradicional e iniciativa. 

O caráter secreto da Alquimia deve-se à obediência a antigas recomendações que mandam jamais revelar – de forma escrita ou verbal – a real natureza daquilo que os alquimistas chamam matéria-Prima, Fogo Secreto. 

Mercúrio Filosófico. Isso o estudante de Alquimia deverá descobrir sozinho lendo, meditando e orando. Fica excluída dessa forma, qualquer possibilidade de ensinamento público.”

Kepler, J. (Harmônica Mundi, livro V, cap. 10)



CIENTISTA E MÍSTICO

Ao comentar seu papel na criação da física moderna, o inglês Isaac Newton (1642 – 1727) afirmou que, se enxergara longe, foi por ter subido nos ombros de gigantes. Referia-se ao italiano Galileu Galilei (1564 – 1642), ao alemão Johannes Kepler (1571 – 1630) e ao francês René Descartes (1596 – 1650).




Nesse poderoso acorde, Kepler parece soar como uma nota fora do tom. Racionalistas, reducionistas, mecanicistas, Galileu e Descartes são já pensadores tipicamente modernos. Kepler é outra coisa. O escritor Arthur Koestler o comparou a Jano, o deus bifronte dos romanos. Com uma das faces, contemplaria o passado, os mundos medieval e renascentista, saturados de símbolos e valores espirituais. Com a outra, encararia o futuro, a fria racionalidade da era moderna.



A obra de Kepler é uma construção barroca que combina teologia e matemática, hermetismo e física, astrologia e astronomia, especulações místicas e observações rigorosas




“Klepler foi um dos últimos homens medievais. 
Se sua visão de ciência tivesse triunfado é possível que não tivéssemos produzidos as maravilhas e os horrores tecnológicos de hoje. 
Ao invés disto, os cientistas seriam místicos contemplativos, andando em companhia de teólogos e músicos. 
Isto não aconteceu – não sei se felizmente ou infelizmente...”

Rubem Alves – Filosofia da Ciência



Não foi uma façanha menor de Newton ter colhido, nesse emaranhado de ideias, as três leis keplerianas do movimento planetário, com as quais construiu sua teoria da gravitação universal [leia mais para frente, no bloco intitulado “As três leis”]. Colheu também a desconfortável sugestão de que tais leis seriam resultado da atração à distância entre o Sol e os planetas, uma ideia que recendia a astrologia e alquimia, em tudo repugnante para a mentalidade moderna.

Embora se dedicasse à alquimia e a outras “ciências ocultas”, Newton, representante máximo da geração científica posterior, tinha o cuidado de ocultar seu ocultismo, oferecendo ao público uma ciência irretocavelmente racionalista. Mesmo assim, enfrentou não poucas críticas vindas dos mecanicistas mais exacerbados. Kepler, ao contrário, misturava tudo. O esforço gigantesco que o levou a descobrir suas três famosas leis foi alimentado, durante décadas, por uma ideia fixa de natureza mística, ideia que se transformou em verdadeira obsessão.



Uma obsedante inspiração – continue lendo: AQUI


EM PLENA TRANSFORMAÇÃO - AQUECIDOS EM ALTO FORNO



“Tu, portanto, não te deixes seduzir, 
ó mulher, assim, como te expliquei 
no livro que trata da Ação.
Não comeces a divagar procurando Deus; mas permanece sentada perto de teu forno, 
e Deus virá até ti, ele não está em toda parte; ele não está confinado no lugar mais baixo, como os demônios.”

Zózimo de Penápolis



A PEDRA 
preciosa
lapidada
translúcida

Em sua amnésia, o homem nu percorre linhas imaginárias – aprende, desaprende.
Vai e volta em dimensões de vibrações altas e baixas. No meio desse traslado, o que é puro, sagrado, único, começa a reter em suas entranhas, todo tipo de pó.

Como um mineral, quanto mais puro, mais valioso.

Começa a busca, a lapidação.
É preciso que a alma continue interligada ao corpo: matéria e espírito nunca se separam. “O que está em cima é como o que está embaixo.” Hermes

Lembrar, aqui, o que se é de verdade, e o por quê de estar aqui, pode ser assustador.


Se tudo é o pensamento, quando se refere ao animal racional, todo tipo de pensamento negativo é a pior forma de impureza. Essa sujeira mental deixa a espécie humana em estado depreciativo, bem longe de sua verdadeira essência.

Culpa, ódio, inveja, rancor, magoa, vingança, preconceito, desamor.... guerra.




O FORNO

Quanto se está em estado de graça, em perfeito equilíbrio – mente, corpo, alma, espírito, matéria, alegria, compaixão, gratidão... exalando amor.... tudo se transforma, a alquimia acontece e a Grande Obra aparece, ressurge. O Ouro, a Pedra Filosofal em sua mais poderosa forma.

Quanto mais próximo do FORNO, mais próximo da CRIAÇÃO.
  

Quando se deixa a teoria de lado e tenta vivenciar a pratica de uma das dimensões 3D, como ainda está o Planeta Terra, o ser humano divaga em seus questionamentos lembra da frase: “ser ou não ser, eis a questão”? Por aí!

Todo tipo de experiência é válida, dor ou alegria, luz ou escuridão, cada um escolhe a maneira dessa lapidação. Todos chegarão novamente à luz.
Uns demoram mais que outros e necessitam de toda uma estrutura para aprender com os mais adiantados.

Eles, os adiantados, bem que fazem o melhor para transmitir o aprendizado desse processo o mais rápido possível. Escrevem livros, deixam recados entalhados em pedras, fazem sinal de fumaça. Mas é complicado, quando se está imerso em negatividade, enxergar a própria natureza divina dentro si.

É tão simples o que eles ensinam: Vá para dentro de si. É lá que encontrará todas as respostas.

O amor é a única formula da felicidade.......

Mas é simples assim? 
Muitos nem acreditam. Deve ser mentira! Enganação. 
Acabam por seguir em outras estradas.

Transformar esse chumbo em ouro é tarefa que exige a famosa “paciência franciscana”. Tem que contar muitos dias e noites, deixar ferver sob os raios do sol e se banhar na luz da lua para se enxergar que a Pedra Preciosa já existe e estava escondida.

Ter fé, sem qualquer necessidade de filiação dogmática ou de nenhum rito, que a qualquer hora, o despertar surge e a imagem começa a se refletir, a brilhar intensamente. Ao reluzir, a Pedra, mostra toda a sua projeção. Transforma, emerge, e ao se elevar, se encontra. Desaparece toda a imundice e novamente esse reencontro faz com que TUDO compense. Que TUDO é MARAVILHOSO!



Com esse tempero AMOR (incondicional) qualquer fornada é muito bem apreciada!    


“No fim da Idade Média e no século XVI, a Alquimia deu origem à ‘arte real’, visão global e unificada do homem e do cosmo, glorificação do aspecto místico da Alquimia.

“Ao agir sobre a matéria, sobre o ser humano e sobre sua alma, por intermédio da experiência alquímica, tornava-se possível manipular o universo inteiro e modela-lo também como o faria na Alquimia.”

Bernard Vidal



Jorge Machado
*Escritor e professor

ENXOFRE: corresponderia à terra sólida, e ao princípio sutil, o fogo.

MERCÚRIO: corresponderia a água e ao ar, que são fluidos e assumem a forma dos recipientes que os contêm.

Ar e Água – princípios femininos

Ouro: Sol
Prata: Lua
Vênus: cobre
Terra: Marte
Chumbo: Saturno
Estanho: Júpter
Mercúrio: Mercúrio

"Tal simbolismo levava o alquimista a conceber que os minerais germinavam no seio da terra (uma espécie de útero), filhos de Enxofre e Mercúrio e sob influência dos planetas, que dosariam a quantidade de cada princípio de acordo com seu metal correspondente e sua posição no céu.

"Seguia-se à risca a máxima ora et labora (reza trabalha) e o laboratório era, na realidade, um misto de laboratório (reza) oratório."   


*Autor do livro: O que é a Alquimia

segunda-feira, 9 de março de 2015

ORAÇÃO DE NICOLAS FLAMEL

 Emblemas de Solidonius, en el manuscrito Alchimie de 
Nicolas Flamel de la Biblioteca Nacional Francesa.


Ao que parece este texto era como uma oração para conseguir desvendar os segredos da alquimia e realizar todas as suas grandiosas obras com sucesso.

Ela ainda pode ser usada com muito proveito por aqueles que desejam enveredar pelo caminho da alquimia. Ela deve ser memorizada e repetida mentalmente todas as noites até adormecer e também em qualquer momento de ócio mental, durante a ginástica, no banho, cozinhando etc. Isto irá fazer com que você tente atingir os objetivos alquímicos involuntariamente, lendo e se dedicando mais as práticas alquímicas. (Texto: Mistérios Antigos)


Deus todo-poderoso, eterno, pai da luz, de quem provém todos os bens e todos os bens perfeitos, imploro vossa misericórdia infinita; deixai-me conhecer vossa sabedoria eterna; aquela que circunda vosso trono, que criou e fez, que conduz e conserva tudo.

Dignai-vos enviá-la do céu a mim, de vosso santuário, e do trono de vossa glória, a fim de que ela esteja em mim e opere em mim; é ela que é a senhora de todas as artes celestes e ocultas, que possui a ciência e a inteligência de todas as coisas.

Faz com que ela me acompanhe em todas as minhas obras que, por seu espírito, eu tenha a verdadeira inteligência, que eu proceda infalivelmente na nobre arte à qual estou consagrado, na busca de miraculosa pedra dos sábios que ocultastes ao mundo, mas que tendes o hábito de descobrir ao menos a vossos eleitos.

Que essa grande obra que tenho a fazer cá embaixo seja começada, continuada e concluída ditosamente por mim; que, contente, goze-a para sempre. Imploro-vos, por Jesus Cristo, a pedra celeste, angular, miraculosa e estabelecida por toda eternidade, que comanda e reina convosco.


Paz e Luz em seu caminho



Nicolas Flamel, de acordo com uma gravura do século XVII.


Nicolas Flamel ou Nicolau Flamel, em português (Pontoise, França, 1330 — 1418) foi escrivão e vendedor de sucesso francês que ganhou fama de alquimistas, após seus supostos trabalhos de criação da pedra filosofal.
Casado com Dame Perenelle Flamel, segundo a lenda teria fabricado a pedra filosofal, o elixir da longa vida e realizado a transmutação de metais em ouro por meio de um livro misterioso.




Vida

Após a morte de seus pais, Flamel foi trabalhar em Paris como escrivão. E em 1364 casou-se com Perrenelle, que era viúva. Conseguiu algum dinheiro e passou a dedicar-se ao estudo da alquimia. Nicolau e sua esposa eram católicos devotos. E, com o passar do tempo se tornaram conhecidos pela riqueza e pela filantropia que realizavam, assim como as múltiplas interpretações que davam à alquimia da época.


Obras Literárias

Escreveu "O Livro das Figuras Hieroglíficas" em 1399, "O Sumário Filosófico" em 1409 e "Saltério Químico" em 1414.
Misteriosos símbolos alquímicos na tumba de Nicholau Flamel na Igreja dos Santos Inocentes em Paris

A Pedra Filosofal

Segundo a lenda, em torno de 1370, Flamel encontrou um antigo livro que continha textos intercalados com desenhos enigmáticos, aparentando hieróglifos. A história de sua vida poderia ser resumida na guarda deste livro, mesmo após muito estudá-lo, Flamel não conseguiria entender do que se tratava. Ainda segundo esta história, ele teria encontrado um sábio judeu em uma estrada em Santiago, na Espanha, que fez a tradução do livro, que se tratava de cabala e alquimia, possuindo a fórmula para a pedra filosofal.

Flamel, a partir de 1380, começou a se dedicar à alquimia prática. Segundo conta-se, conseguiu produzir ouro em torno de 1382 e depois finalmente a transmutação em ouro. Cerca de dez anos mais tarde do início dos experimentos, começou a realizar um grande número de obras de caridade como a construção de hospitais, igrejas, abrigos e cemitérios e os decorar com pinturas e esculturas contendo símbolos alquímicos e muito ouro.





Lenda

A lenda, no entanto, conta que, na realidade, ambos, Flamel e Perrenelle, não morreram, e que em suas tumbas foram encontradas apenas suas roupas em lugar de seus corpos, eles teriam vivido graças ao elixir da longa vida, ao qual, Flamel também teria fabricado.

Flamel deixou um testamento escrito a seu sobrinho, em que revelava os segredos que descobrira sobre a alquimia. O "Testamento de Nicholas Flamel" foi compilado na França no final dos anos 1750 e publicado em Londres em 1806. O documento original foi escrito de próprio punho por Nicholas Flamel em um alfabeto codificado e criptografado que consistia em 96 letras. Um escrivão Parisiense chamado Father Pernetti o copiou e um Senhor de Saint Marc pôde finalmente quebrar o código em 1758.

Foi citado na série de livros Harry Potter como tendo realmente conseguido produzir a pedra filosofal e vivido 665 anos. Ele a teria destruído no final do primeiro livro da série, "Harry Potter e a Pedra Filosofal".Há menção também em O Código Da Vinci de Flamel tendo sido um dos grão-mestres do Priorado de Sião.

Falecimento e legado

Flamel faleceu em 22 de março de 1418, com mais de 80 anos, e sua casa foi saqueada por caçadores de tesouros e gente ávida por encontrar a pedra filosofal ou receitas concretas para sua preparação.

A casa onde Flamel residiu com sua esposa ainda existe. Ela situa-se na rue de Montmorency, no número 51, sendo a mais antiga casa de pedra da cidade. No andar térreo, hoje encontra-se um restaurante.

Seu nome e o de sua mulher foram dados a ruas próximas do Museu do Louvre, em Paris, em homenagem a eles.



NO CAMINHO DA ALQUIMIA




Aqui, não se trata de optar por um caminho. Já se trata de experimentar todos e, afinal, decidir. É por isso que os alquimistas recomendam o estudo paciente.



“Tudo leva a crer que a Alquimia era realmente uma fusão entre técnica e misticismo, numa época em que os diversos ramos do conhecimento ainda não estavam definitivamente demarcados. Jorge Machado, Misticismo, 

“A Pedra Filosofal, por sua vez, seria a cristalização de diversos desejos atávicos do ser humano – não se sabe se em nível prático ou espiritual – que abrangeriam desde o desejo de saber e da realização material passando pela capacidade de prolongar a vida indefinidamente e atingindo, como ápice, a salvação do homem e do universo e a contemplação definitiva do Absoluto, da totalidade da Criação.”



Jorge Machado
Escritor e professor de Química - 
autor da obra O que é alquimia? (São Paulo, Brasiliense, 1991), 
livro que trata de história da química e pretende 
ser uma introdução ao estudo desse assunto.